Dra Fernanda Beatriz

O corrimento vaginal é um fenômeno comum que pode afetar mulheres em diferentes estágios de suas vidas.

Corrimento vaginal

Essa secreção, embora muitas vezes possa ser motivo de desconforto ou constrangimento, é uma parte natural do funcionamento do sistema reprodutivo feminino.

No entanto, quando o corrimento se torna anormal, pode indicar a presença de uma infecção vaginal.

Quais são os sintomas que servem de alerta?

  1. Corrimento de diferentes cores (esverdeado ou acinzentado) e consistências (por exemplo como “nata de leite” ou tipo pus).
  2. Odor desagradável.
  3. Coceira, ardência ou irritação na região vaginal.
  4. Dor durante a relação sexual.
  5. Dor ou ardor ao urinar.
  6. Inchaço ou vermelhidão na região genital.

Meu nome é Fernanda Beatriz, sou médica ginecologista e obstetra em Belo Horizonte. O ginecologista é o médico que avalia a saúde da vagina. Com uma boa anamnese e exame físico posso te tranquilizar com relação aos seus sintomas e indicar os melhores tratamentos quando necessário. Neste artigo vamos abordar as características de um corrimento normal e quando é necessário ter uma melhor avaliação e possível tratamento.

Ginecologista que avalia corrimento vaginal

CRM MG 49995 RQE Nº: 30867

– 15 anos de formação em medicina pela Faculdade da Saúde e Ecologia Humana (FASEH).

– Residência médica em Ginecologia/ Obstetrícia no Hospital Julia Kubtischek – FHEMIG concluída em janeiro 2014.

– Há mais de 3 anos atuando como professora do curso de medicina, hoje na docência da UNIBH.

– Hoje com tempo maior dedicado ao consultório, no atendimento individualizado e humanizado e nos partos, fazendo parte de uma equipe de parto multidisciplinar.

Avaliações sobre Dra Fernanda Beatriz
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Como é o corrimento vaginal normal?

Corrimento vaginal normal

O corrimento vaginal é uma condição natural do ciclo reprodutivo feminino e, em geral, é uma ocorrência comum.

A secreção vaginal tem um papel relevante na manutenção da saúde vaginal, ajudando a limpar e lubrificar a região, além de prevenir infecções.

No entanto, é crucial compreender o que é considerado um corrimento vaginal normal, para podermos diferenciar do que é anormal.

O corrimento vaginal normal varia em tamanho, cor e consistência ao longo do ciclo menstrual e da vida da mulher. O pH da vagina geralmente é ácido, o que ajuda a prevenir o crescimento de bactérias prejudiciais.

Geralmente, a secreção vaginal é clara ou levemente esbranquiçada ou amarelada e pode ser mais espesso antes da menstruação.  O corrimento que fica uma “pastinha esbranquiçada ou amareladinha” no fundo da calcinha, é um corrimento normal. Pode variar de mulher para mulher em sua quantidade e aspecto durante o ciclo menstrual. 

O corrimento da ovulação é uma secreção vaginal que surge durante o ciclo menstrual de uma mulher, especialmente durante o período em que ela está fértil e mais propensa a engravidar. Acontece cerca de duas semanas antes do início do próximo ciclo menstrual.

Corrimento vaginal característico de ovulação - tipo clara de ovo

É frequentemente referido como transparente ou levemente turvo, e tem uma consistência semelhante à clara de ovo crua. A textura escorregadia e elástica é causada pelas alterações hormonais que ocorrem no organismo durante a ovulação.

É relevante destacar que mulheres que estão tomando anticoncepcionais hormonais podem ter sua secreção vaginal afetada. Alguns métodos podem afetar o aspecto e a quantidade do corrimento vaginal sem ser um sinal de problema. Se tiver qualquer dúvida, converse com o seu médico, ele é o melhor para te esclarecer essas dúvidas.

E quando esse corrimento vaginal muda?

Como já dito anteriormente algumas características do corrimento podem significar infecção. E quais são as principais infecções vaginais?

  • Candidiase vaginal
  • Vaginose Bacteriana
  • Tricomoníase
  • Infecções Sexualmente Transmissiveis
  • Infecções por outros microrganismos

Vamos falar um pouquinho sobre cada uma.

Candidíase Vaginal

Corrimento em nata de leite - candidiase

A candidíase vaginal é uma infecção fúngica causada principalmente pelo fungo Candida albicans, embora outros tipos de Candida possam estar envolvidos.

Essa é uma das infecções vaginais mais frequentes entre as mulheres.

A candidíase vaginal ocorre quando há um desequilíbrio no ambiente vaginal, permitindo a proliferação excessiva do fungo Candida.

Algumas das razões são:

  • O uso de antibióticos pode afetar o equilíbrio natural das bactérias na vagina, permitindo que o fungo Candida cresça.
  • Mudanças hormonais durante a gravidez podem aumentar o risco.
  • Pessoas com diabetes descontrolada têm maior probabilidade de contrair candidíase devido aos altos níveis de açúcar no sangue, que podem favorecer o crescimento de fungos.
  • O Sistema Imunológico Enfraquecido pode aumentar o risco de desenvolver candidíase.
  • Outros fatores como emocionais, roupas íntimas apertadas, uso de duchas vaginais e uma dieta rica em açúcar e carboidratos podem favorecer o crescimento de Cândida.

Os sinais mais frequentes da candidíase vaginal incluem:

  • Irritação e vermelhidão na vulva e na região íntima.
  • Dor ou dor ao urinar.
  • A secreção vaginal é espessa, branca e, às vezes, esverdeada, parecida com nata de leite ou queijo cottage.
  • Desconforto ao ter relações sexuais.

O diagnóstico é geralmente feito com base nos sintomas relatados pela paciente e em um exame ginecológico. Eventualmente, o médico pode realizar um teste de pH vaginal ou coletar uma amostra de secreção para análise microscópica.

Entretanto, nem sempre é preciso realizar exames adicionais aos realizados no consultório. 

A terapia para candidíase vaginal geralmente envolve medicamentos antifúngicos, que podem ser administrados de maneira local (como cremes ou supositórios vaginais) ou oral (comprimidos).

O tratamento geralmente é eficaz, mas é crucial seguir as instruções médicas para evitar recidivas.

Vaginose Bacteriana

Mulher com dor pélvica devido infecção vaginal

A vaginose bacteriana é uma condição vaginal que se manifesta pelo desequilíbrio das bactérias normais que habitam a vagina.

A vaginose bacteriana ocorre quando há um grande número de bactérias na vagina, especialmente a Gardnerella vaginalis.

As verdadeiras razões para esse desequilíbrio não são totalmente compreendidas, mas fatores que podem ajudar podem ser:

  • Alterações no pH vaginal podem favorecer o crescimento de bactérias anaeróbicas em detrimento das bactérias saudáveis que normalmente predominam.
  • Embora não seja uma enfermidade sexualmente transmissível, a prática sexual pode aumentar o risco de vaginose bacteriana.
  • Utilizar duchas vaginais com frequência pode afetar o equilíbrio natural de bactérias na vagina.
  • A vaginose bacteriana pode ser causada por fatores hormonais, como alterações hormonais durante a menstruação ou gravidez.

Os principais sintomas da vaginose bacteriana são:

  • Secreção genital acinzentada.
  • Odor vaginal forte e desagradável, que pode ser percebido principalmente após a relação sexual ou na menstruação – cheiro característico de “peixe podre”
  • Ardência vaginal.
  • Dor durante a relação sexual e dor pélvica.

O diagnóstico de vaginose bacteriana geralmente é baseado nos sintomas apresentados pela paciente, exame pélvico e avaliação da secreção vaginal.

Geralmente, o tratamento da vaginose bacteriana requer o uso de antibióticos administrados por via oral ou vaginal.

Para garantir a eficácia do tratamento e diminuir o risco de recidiva, é imprescindível seguir o plano completo de tratamento indicado pelo médico.

Tricomoníase

Secreção bolhosa característica de tricomoniase

A tricomoníase é uma infecção sexualmente transmissível (IST) provocada pelo protozoário parasitário Trichomonas vaginalis.

Essa doença afeta principalmente o sistema urogenital, tanto em homens quanto em mulheres.

Os sinais mais comuns são corrimento vaginal ou uretral quando em homens, que pode ser amarelo, esverdeado ou cinza, bolhoso e espumoso, acompanhado de odor fétido.

Outros sintomas frequentes incluem coceira ou irritação na região genital, desconforto durante o ato sexual ou micção. Algumas pessoas podem apresentar sintomas mais leves ou inexpressivos.

A tricomoníase pode aumentar o risco de contrair ou transmitir outras doenças sexualmente transmissíveis, tais como o HIV. Sendo assim, é importante diagnosticá-la de forma correta e tratar com medicamentos específicos, geralmente antibióticos.

Para prevenir a tricomoníase, é recomendado fazer sexo seguro usando preservativos de forma consciente e correta. Além disso, é importante que os parceiros sexuais sejam tratados ao mesmo tempo para evitar a reinfeção mútua.

Consultar um profissional de saúde é fundamental ao primeiro sinal de sintomas para um diagnóstico preciso e tratamento eficaz da tricomoníase.

Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) – Clamídia e Gonococo

Alteração vaginal - corrimento e dor vaginal

Além da tricomoníase, outras ISTs, como clamídia e gonorreia, também podem causar corrimento vaginal anormal.

Clamídia e gonococo são duas infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) comuns que afetam o trato genital e outras áreas do corpo. Aqui estão algumas informações sobre cada uma:

Clamídia:

A clamídia é causada pela bactéria Chlamydia trachomatis e é principalmente transmitida por meio do contato sexual desprotegido com uma pessoa infectada.

Muitas pessoas infectadas não apresentam sinais clínicos. Quando ocorrem, os sinais podem incluir dor ao urinar, corrimento vaginal ou peniano anormal, desconforto abdominal, desconforto sexual, entre outros.

O tratamento é realizado utilizando antibióticos específicos e o diagnóstico pode ser feito durante uma consulta ginecológica ou quando o homem uma consulta com o urologista.

Pode também ser solicitado exames laboratoriais adicionais para diagnóstico. Quando o parceiro apresenta um diagnóstico de infecção por Clamídia é necessário que você também procure um médico para avaliação.

Se não for tratada, a clamídia pode causar problemas sérios, como doença inflamatória pélvica (DIP), que pode causar dor crônica, infertilidade ou gravidez ectópica em mulheres.

Gonococo (gonorreia):

A gonorreia é causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae e a transmissão é, sobretudo, pelo contato sexual sem proteção com uma pessoa infectada.

Igualmente à clamídia, muitas pessoas infectadas não apresentam sinais. Quando ocorrem, os sinais podem incluir dor ao urinar, corrimento uretral ou vaginal, desconforto abdominal, dentre outros. O secreção vaginal tem mais como característica aspecto purulento, semelhante a um pus de ferida.

O tratamento requer antibióticos específicos e também é necessário tratar o parceiro. Sem tratamento, a gonorreia pode causar problemas sérios, como doença inflamatória pélvica, epididimite (em homens), infertilidade e disseminação da infecção para outras áreas do corpo.

Uso de preservativo como proteção para infecções vaginais

Tratamento e Prevenção:

O tratamento para infecções vaginais varia de acordo com o microrganismo responsável e a intensidade da infecção. Geralmente, envolve o uso de medicamentos antifúngicos, antibióticos ou antiparasitários, prescritos por um médico após o diagnóstico correto.

Além disso, cuidados diários podem ajudar a prevenir infecções vaginais:

  1. Manter uma higiene genital adequada.
  2. Evitar o uso exagerado de antibióticos, quando possível.
  3. Escolher roupas íntimas de algodão e evitar roupas justas.
  4. Não usar calcinha durante o sono.
  5. Ter níveis adequados de açúcar no sangue, especialmente para pessoas com diabetes.
  6. Relações sexuais protegidas.
  7. Limitar o uso de duchas vaginais, que podem interferir no equilíbrio vaginal natural.
Dormir sem calcinha - saúde íntima

Resumindo, o corrimento vaginal pode ser um indicador significativo da saúde ginecológica de uma mulher.

É essencial ter conhecimento dos sinais de uma infecção vaginal e procurar auxílio médico adequado ao perceber qualquer alteração no corrimento vaginal.

Com diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível controlar de forma eficaz as infecções vaginais e promover a saúde e o bem-estar das mulheres.

Veja também:

https://drafernandabeatriz.com.br/exame-de-papanicolau/(abrir em uma nova aba)

https://drafernandabeatriz.com.br/pre-natal/(abrir em uma nova aba)

https://drafernandabeatriz.com.br/ginecologia-ginecologista/(abrir em uma nova aba)

https://drafernandabeatriz.com.br/cancer-de-colo-do-utero-e-seus-2-tipos-de-lesoes-precursoras-associadas-ao-hpv

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