O câncer de colo do útero é frequentemente causado pela infecção persistente pelo Papilomavírus Humano (HPV), um vírus de transmissão sexual amplamente espalhado. A neoplasia intrepitelial cervical (NIC) é a alteração celular mais frequente causada pelo HPV no colo do útero.
Este tipo de câncer é um problema significativo de saúde pública globalmente, com uma alta taxa de mortalidade e morbidade entre as mulheres.
A epidemiologia do Câncer Colo do Útero.
O câncer de colo do útero é o quarto tipo mais comum de câncer entre as mulheres, com um número surpreendente de novos casos todo ano.
Esses números reforçam a relevância de prevenção, detecção precoce e tratamento eficaz para diminuir a incidência desta doença evitável.
O ginecologista é o médico responsável por acompanhar a mulher nesta prevenção e, quando necessário, no tratamento.
Diferentes estágios de lesões requerem acompanhamentos diferenciados.
Eu sou Fernanda Beatriz médica ginecologista e obstetra em Belo Horizonte. Faço um exame detalhado do colo do útero, tenho o cuidado em todas as coletas de preventivo avaliar com cuidado o colo uterino, usando do colposcópio para examinar minuciosamente áreas que podem apresentar lesões precursoras do câncer de colo do útero.
Tenho já, há muitos anos, a expertise em avaliar colos uterinos e um cuidado a mais para não deixar escapar alterações que poderiam ser avaliadas e acompanhadas.
CRM MG 49995 RQE Nº: 30867
– 15 anos de formação na medicina FASEH.
– Residência médica em Ginecologia/ Obstetrícia no Hospital Julia Kubtischek – FHEMIG concluída em janeiro 2014.
– Há mais de 3 anos como professora do curso de medicina, hoje atuante na docência da UNIBH.
– Tempo dedicado principalmente ao consultório, no atendimento individualizado e humanizado.
Quais são os fatores de risco para câncer de colo do útero?
- Infecção pelo HPV
- Tabagismo
- Imunossupressão
- Início precoce da atividade sexual
- Múltiplos parceiros sexuais
- Baixo acesso aos programas de rastreamento e vacinação.
Quem é o HPV?
HPV significa Papilomavírus Humano. É um vírus bastante comum que ataca a pele e as membranas mucosas, sobretudo na região genital.
Existem diversas formas distintas de HPV, algumas das quais podem causar verrugas genitais e outras que estão relacionadas a doenças como câncer de mama, câncer de mama, câncer de pênis, câncer de vulva e alguns cânceres de garganta.
É transmitido, principalmente, pelo contato direto de pele com pele durante atividades sexuais, como sexo vaginal, anal e oral.
É uma das infecções sexualmente transmissíveis mais frequentes, afetando cerca de 80% das mulheres em algum momento de suas vidas.
Há mais de 100 tipos de HPV, dos quais pelo menos 14 são considerados de alto risco para o desenvolvimento de câncer, especialmente os tipos 16 e 18, que representam cerca de 70% dos casos de câncer de colo do útero.
A infecção pelo papilomavírus humano (HPV) não apresenta sinais ou sintomas na maioria das pessoas. Assim, o vírus acaba por ser transmitido de forma silenciosa, pelo fato de a pessoa desconhecer que contraiu a infecção.
Em alguns casos, o HPV pode ficar latente de meses a anos, sem manifestar sinais visíveis ou apresentar manifestações subclínicas, isto é, detectáveis por exames.
A diminuição da resistência do organismo pode desencadear a multiplicação do HPV e, consequentemente, provocar o aparecimento de lesões.
Quais são as lesões precursoras associadas ao HPV?
As lesões precursoras associadas ao HPV referem-se a alterações celulares que podem ocorrer no colo do útero (e também em outras áreas como a vulva, vagina, ânus, pênis e garganta) como resultado da infecção persistente pelo vírus HPV.
Essas lesões iniciais são chamadas de estágios pré-cancerosos, pois aumentam o risco de desenvolvimento de câncer se não forem tratadas.
No colo do útero, as lesões iniciais são classificadas em dois grupos principais:
- Neoplasia intraepitelial cervical (NIC)
- Adenocarcinoma in situ (AIS)
A neoplasia intrepitelial cervical (NIC) é a alteração celular mais frequente causada pelo HPV no colo do útero.
A NIC é categorizada em três níveis, relacionados às alterações celulares encontrada:
- NIC 1 (ou CIN 1): Lesão leve, geralmente benigna, que pode ser curada de forma espontânea.
- NIC 2 (ou CIN 2): Lesão de grau intermediário, que indica um risco maior de progressão para câncer caso não seja tratada.
- NIC 3 (ou CIN 3): Lesão de alto grau, considerada uma lesão pré-cancerosa, que pode se transformar em câncer invasivo se não for tratada.
Adenocarcinoma in situ (AIS) é uma condição menos comum, porém mais séria, que afeta as células glandulares do colo do útero. Caso não seja tratado, pode se transformar em um câncer invasivo.
Cada alteração apresenta seu tratamento e acompanhamento específico. Cada mulher deve ser atendida de forma individualizada e avaliado a cada situação qual melhor tratamento.
Qual a frequência de Acompanhamento?
A frequência com que uma mulher deve ser acompanhada depende da NIC identificada:
NIC 1 (CIN 1): Lesões de baixo grau que, às vezes, regridem repentinamente. Geralmente, são acompanhadas com testes de Papanicolaou repetidos a cada 6 meses para confirmar se há regressão ou progressão.
É interessante agregar ao exame de Papanicolau a colposcopia e algumas vezes a necessidade de biopsia ou não, a fim de confirmar o grau da lesão.
NIC 2 (CIN 2) e NIC 3 (CIN 3): Lesões de alto grau que podem progredir para o câncer se não forem tratadas. Em geral, o acompanhamento é mais frequente e pode incluir uma avaliação mais minuciosa e uma biópsia para confirmar a extensão da lesão.
Se uma NIC de alto grau (no caso a NIC 2 que pode ter um acompanhamento inicial) não regredir de forma espontânea, é necessário um tratamento para remover as células anormais.
Após o tratamento, o acompanhamento é crucial para confirmar que todas as células anormais foram retiradas e para monitorar qualquer recidiva. Então faz-se necessário o acompanhamento mais frequente com o exame de Papanicolau.
Exames de Papanicolau são feitos com frequência nos primeiros meses após o tratamento e, se forem normais, a frequência dos exames pode diminuir ao longo do tempo.
A colposcopia pode ser repetida se houver qualquer suspeita de persistência ou recorrência da lesão.
É crucial salientar que nem todas as infecções causadas pelo vírus HPV resultam em lesões precursoras ou câncer. Em geral, o sistema imunológico é capaz de eliminar o vírus antes que ele cause danos significativos.
No entanto, quando a infecção permanece, especialmente com HPV de alto risco, as células do colo do útero podem sofrer alterações que, ao longo do tempo, podem se tornar cancerosas.
O monitoramento contínuo através do exame de Papanicolau é crucial para identificar precocemente as lesões precursoras no colo do útero, permitindo o tratamento antes que se transformem em câncer invasivo.
Como um cuidado a mais algumas vezes pode ser necessário acrescentar a colposcopia ao exame do ginecologista para a avaliação do colo do útero seja mais completa.
Exame de colposcopia
O colposcópio é um instrumento utilizado na área da ginecologia para examinar o colo do útero, a vagina e a vulva com maior detalhe e ampliação. Suas principais funções são:
- Visualização Ampliada: O colposcópio proporciona uma visão aumentada e detalhada das estruturas do colo do útero, permitindo ao médico identificar alterações como lesões, áreas suspeitas ou anormais.
- Inspeção de Lesões: Permite ao médico examinar minuciosamente áreas que podem apresentar lesões precursoras do câncer de colo do útero (neoplasias intraepiteliais cervicais – NIC) ou outros tipos de alterações.
- Identificação de Vasos Sanguíneos: É possível observar os padrões vasculares do colo do útero através do colposcópio, o que auxilia na diferenciação entre tecidos saudáveis e alterados.
- Auxílio em Biópsias: O colposcópio pode ser utilizado para direcionar biópsias, ou seja, para colher amostras de tecido das áreas suspeitas identificadas durante o exame, permitindo a análise histopatológica posterior.
- Monitoramento de Tratamentos: Após tratamentos como a exérese da zona de transformação (EZT) ou cauterização de lesões, o colposcópio é utilizado para monitorar a cicatrização e o resultado do procedimento.
A consulta do ginecologista junto com os exames realizados por ele se tornam muito importante para o diagnóstico, acompanhamento e prevenção do câncer de colo de útero.
Assim que identificadas, as lesões precursoras podem ser tratadas com eficácia por meio de métodos como a exérese da zona de transformação (EZT), reduzindo o risco de desenvolver câncer invasivo.
Vacinação contra HPV
A vacinação contra o HPV é uma tática indispensável para a prevenção do câncer de colo do útero.
A vacina está disponível para prevenir a infecção pelos tipos mais oncogênicos do HPV.
Quem pode se vacinar?
- A vacina é indicada para meninas e mulheres de 9 a 26 anos de idade e meninos de 9 a 14 anos. A imunização deve acontecer, preferencialmente, entre 9 e 14 anos, quando é mais eficaz, segundo o Ministério da Saúde;
- Pessoas com HIV positivo;
- Pessoas transplantadas na faixa etária de 9 a 45 anos.
Finalizando, o câncer de colo do útero ainda é um grande desafio para os sistemas de saúde globais, mas ações eficazes, como vacinação, rastreamento e tratamento precoce das lesões iniciais, têm o potencial de diminuir significativamente sua incidência e mortalidade.
Diante de um exame alterado converse com o seu médico sobre o melhor acompanhamento e tratamento.
Cuide-se!
Veja também:
https://drafernandabeatriz.com.br/exame-de-papanicolau/(abrir em uma nova aba)
https://drafernandabeatriz.com.br/pre-natal/(abrir em uma nova aba)
https://drafernandabeatriz.com.br/ginecologia-ginecologista/(abrir em uma nova aba)